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Aumente sua capacidade de realização pessoal: conecte-se com seus sentimentos e comunique-se de forma empática!

Por Milene Furlanetto

A comunicação não-violenta ou comunicação empática pressupõe que possamos nos conectar com o que o outro está sentindo e também com nossos próprios sentimentos e necessidades.

Quando fazemos julgamentos dos outros estamos na verdade expressando, por meio de pensamentos ou palavras, nossos próprios valores e necessidades. Quando julgamos ou insultamos o outro reforçamos que ele se comporte de maneira defensiva e agressiva conosco também e, consequentemente, não resolvemos nossos conflitos e desavenças.

No relacionamento com o outro precisamos entender que cada um tem sua responsabilidade na forma de se comunicar e resolver conflitos. Em vez de pensar sobre o outro e criticar seu comportamento, conecte-se consigo mesmo e perceba o quê no seu próprio comportamento está auxiliando para a não resolução do conflito.

Exemplo:

Quando alguém diz: – “Esqueci meu trabalho de aula em casa porque minha mãe não se lembrou de me avisar”, ou, “Insultei minha namorada com palavrões porque ela saiu com as amigas”.

Nesses dois casos estamos colocando a responsabilidade do conflito totalmente na outra pessoa e não estamos nos conectando com nossa autoresponsabilidade.

Essas frases poderiam ser reescritas da seguinte forma:

“Esqueci meu trabalho de aula em casa porque escolhi ver televisão à noite em vez de organizar meus materiais para o dia seguinte”. A partir dessa experiência você pode aprender para as próximas.

“Insultei minha namorada com palavrões porque me sinto inseguro de ver ela saindo com outras pessoas, tenho medo que ela possa gostar de alguém mais do que gosta de mim”. Comunicar como você se sente permite a empatia do outro e aproxima o casal.

Quando nos comunicamos de maneira ofensiva, estamos criticando a personalidade do outro e isto cria uma barreira defensiva que impede a aproximação e a intimidade. No entanto, se falarmos dos nossos sentimentos, desejos e necessidades, o outro poderá criar empatia conosco e o diálogo acontecerá.

Mas se ele me insultou eu devo aceitar?

Separe o que é seu do que é do outro. A pessoa que te insultou o fez por razões próprias, que não estão diretamente ligadas a você e sim a ela mesma. O fato de você ter se incomodado com o insulto significa que acessou seus sentimentos e a sua história pessoal. Conecte-se com o que você sente, comunique ao outro como se sente e respeite a dificuldade do outro em se comunicar.

Estamos acostumados a insultar os outros sempre que nossas necessidades não são atendidas. Infelizmente, a maioria das pessoas é educada para criticar ou achar um culpado para as situações. Deste modo, se temos a necessidade de um ambiente organizado podemos insultar o colega de “preguiçoso e relaxado”, simplesmente por ele não ter a mesma necessidade que a gente. Não rotule as pessoas com adjetivos. Todos nós somos uma imensidão de possibilidades. O que você está observando do outro é apenas uma das várias características dele e faz parte da SUA FORMA ESPECÍFICA DE PERCEBER AS SITUAÇÕES!

Para contornar essa situação de forma efetiva devemos comunicar ao colega nossa necessidade.

Exemplo:

“Olha, eu tenho uma dificuldade com o trabalho quando as coisas não estão bem organizadas, me sinto angustiado. Você acha que poderia me ajudar?”

É mais provável que seu colega mude seu comportamento a partir desse diálogo, do que mude por ser chamado de “relaxado”!

Ou seja, converse com seus familiares e colegas sobre o que você precisa, em vez de dizer o quanto eles estão errados, isto aumentará as formas de atender a necessidade de todos e criará um ambiente menos hostil.

Perceba suas expectativas em relação aos outros. As pessoas não são obrigadas a adivinhar seus desejos e expectativas. O fato de esperar do outro a realização de seus desejos gera frustração e conflitos.

Tome responsabilidade por seus sentimentos e comunique aos outros suas vontades e desejos, a pessoa lhe dirá se é possível ou não fazer o que você deseja.

Exemplo:

Em vez de esperar um convite para ir ao cinema, convide você mesmo! Fale: “Estou com vontade de ir ao cinema e gostaria da sua companhia”!

Em vez de: “Você é uma péssima amiga porque não me escolheu para o seu time”.

Fale: “Fiquei triste porque gostaria de jogar ao seu lado”, ou, “Estou triste porque me sinto mais segura jogando no seu time, com você!”

Quanto mais claros formos a respeito do que queremos da outra pessoa, mais provável que nossas necessidades sejam atendidas!

Seja claro na forma de se expressar, não use gestos ou comportamentos do tipo: ficar quieto, se fechar no quarto ou falar indiretamente, esperando que o outro vá lhe entender. Cada pessoa tem uma percepção própria e isto dificulta que o outro saiba realmente o que você está tentando dizer. Portanto, por mais difícil que possa parecer FALE sobre o que está acontecendo, como está se sentindo.

Tenha empatia pelos outros, cada um tem suas necessidades, seus problemas e suas realidades. Quando ouvir algo de alguém, perceba como a pessoa gesticula e imagine como ela está se sentindo naquele momento: Nervoso? Irritado? Emotivo? Dê tempo para a pessoa se expressar e acolha seus sentimentos.

Exemplo:

“Você nunca me deixa fazer nada!”

Nesse caso você pode responder:

“Estou pensando que você deve estar triste ou aborrecido por não poder sair hoje? É isto?”

Não se defenda, crie espaço para o diálogo e resolução do conflito! Não ouça como um ataque, não se sinta rejeitado, a pessoa, simplesmente, está expressando as necessidades dela.

Entretanto, para ter empatia com os outros precisamos primeiro ter empatia com nós mesmos. Cuide com palavras e pensamentos do tipo “eu não valho nada!”, “eu nunca faço nada certo”, “eu sou horrível”. Quando somos violentos com nós mesmos é difícil ter compaixão verdadeira com os outros.

Primeiramente: NÃO GENERALIZE! Veja em que momento seu comportamento lhe desagradou e o porquê isso aconteceu naquele momento específico.

Exemplo:

“eu sou incapaz de fazer qualquer coisa”

Troque por:

“eu não consegui ir bem nisto, desta vez específica, porque talvez precise usar mais tempo para treinar.”

Exemplo:

eu devia ter estudado mais”

Troque por:

“eu escolhi estudar menos porque me senti cansada e precisei de um tempo para não fazer nada”

Troque a palavra DEVER por ESCOLHER. Assuma a responsabilidade por suas escolhas e acolha suas necessidades. Você não é sempre do mesmo jeito, não é um comportamento, que não foi bem-sucedido, que definirá a forma como você será para sempre! Perceber os comportamentos específicos, que você não gostou, permite que você se guie em direção ao seu crescimento pessoal.

Vamos exercitar? Relembre uma situação de seu cotidiano, em que a comunicação não foi efetiva e, procure refazê-la mentalmente de forma a incorporar os ensinamentos que você leu acima.

Assuma a responsabilidade por seus atos e conecte-se aos seus sentimentos!

Referência: Rosenberg, M.B. (2006). Comunicação não violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Ágora

Em caso de dúvidas, entre em contato pelo inbox do Facebook ou através do e-mail: cp.ericaandrade@gmail.com

1 Comentário

  1. Israel Marques disse:

    Gostei muito do texto, muito claro e de forma didática exemplificou muito bem as situações e suas variações. Meus parabéns Milene.

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